sábado, 20 de junho de 2009


Um tango

Mais um ano
As nuvens haviam entrado no carro
O limpa pára-brisas procurava em montículo de gotas
Uma saída
Algo escapava
Ela estava ali aguentando em lágrimas
O amor desvanecia-se em chuva
Parado o carro dançamos como os outros
Era uma festa de todos
Como todos os dias
Separados num vaivem igual repetido
Um cigarro na varanda trazia o som das ondas
Misturado a um compassado aperto
Fui
As areias eram corpos que empurravam
Ao cheiro de um mar presente
Abri o peito rasgado e sem resguardo
Deste-me a mão
De frente te puseste a meu lado
Nunca te vi tão bela
O mar as ondas mereavam
Um abraço urgente
Que me levou de encontro ao teu peito
E dançamos um tango
Ali na humidade da areia e dos nossos corpos
Um novo ano nascia antes do sol
Uno intenso
Numa madrugada que nunca seria de despedida

(João Sevivas)

Sem comentários:

Enviar um comentário