quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A vida deve ser bebida

Estou
E num breve instante
Sinto tudo
Sinto-me tudo

Deito-me no meu corpo
E despeço-me de mim
Para me encontrar
No próximo olhar
.
ausento-me da morte
não quero nada
eu sou tudo
respiro-me até à exaustão
.
nada me alimenta
porque sou feito de todas as coisas
e adormeço onde tombam a luz e a poeira

A vida (ensinaram-me assim)
Deve ser bebida

(Mia Couto)

1 comentário:

  1. [e dessa, dessa liquida poesia, o poeta faz truques de magia, como se fora um alimento integral]

    um imenso abraço,

    Leonardo B.

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