POR FAVOR NÃO ME FILTREM AS NUVENS
Por favor não me filtrem as nuvens,
Que eu quero passear à chuva
E atravessar a tempestade cantando!
Por favor não levem
As tempestades para vossas casas!
Deixem-me ao menos louco,
Despido de preconceitos abstractos,
Com meu corpo molhado,
Sem trapos,
A minha face lambida de água pura.
Olhem! Meus cabelos molhados,
Pingando ao som da chuva,
E esta denúncia de homem…
Encolhida num cacho de uva…
Por favor não me filtrem as nuvens!
Deixem-me, agora, só com a chuva!
Como um amante febril
Percorrendo de beijos
O ermo da sua loucura,
Como o quente da água pura
Que escorre do meu corpo,
Vaporizando liberdade.
(Rogério Martins Simões)
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