para voltar ao princípio do mundo
sei de uma mulher
que penteava os cabelos ao sol
porque tinha no pensamento uma flor
sei que os lavava ao luar
porque tinha no coração uma corola
com a boca mordia o ar
e prendia os vestidos ao vento
era uma mulher sentada numa pedra
coroada por um lírio salgado na fronte
um dia
cortou os cabelos
atirando-os um a um ao mar
e disse: tece-me
e o mar inclinou-se por dentro
para tecer
o poema
(Maria Azenha)
Onde as palavras dos outros se reunem às nossas num espaço de silêncio e reflexão
sábado, 30 de abril de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Desnecessária explicação
Que importa a melodia,
se acaso aos outros dou,
com pávida alegria,
o pouco que me sou?
Que importa ao que me sabe
estar só no meu caminho,
se dentro de mim cabe
a glória de ir sozinho?
Que importa a vã ternura
das horas magoadas,
se ao meu redor perdura
o eco das passadas?
Que importa a solidão
e o não saber onde ir,
se tudo, ao coração,
nos fala de partir?
(Daniel Filipe)
Que importa a melodia,
se acaso aos outros dou,
com pávida alegria,
o pouco que me sou?
Que importa ao que me sabe
estar só no meu caminho,
se dentro de mim cabe
a glória de ir sozinho?
Que importa a vã ternura
das horas magoadas,
se ao meu redor perdura
o eco das passadas?
Que importa a solidão
e o não saber onde ir,
se tudo, ao coração,
nos fala de partir?
(Daniel Filipe)
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Tristeza
Pedaços de água no olhar...
De sonhos desfeitos em nada
Cabelos em desalinho
Onde brilham em torvelinho,
Pérolas de pranto ao luar....
Olhos tristes de quem sofreu
Na vida, tormentos mil
Silêncios a quem doeu,
Um amor que já morreu,
Ainda por começar...
Embalada nos braços fortes
De uma recordação,
Vai tropeçando em pedaços
Vazios de um coração...
Sonha, menina triste,
Limpa as lágrimas, sorri
Também eu vivi morrendo
E morri, vivendo em ti....
(Maria Célia Marques)
Pedaços de água no olhar...
De sonhos desfeitos em nada
Cabelos em desalinho
Onde brilham em torvelinho,
Pérolas de pranto ao luar....
Olhos tristes de quem sofreu
Na vida, tormentos mil
Silêncios a quem doeu,
Um amor que já morreu,
Ainda por começar...
Embalada nos braços fortes
De uma recordação,
Vai tropeçando em pedaços
Vazios de um coração...
Sonha, menina triste,
Limpa as lágrimas, sorri
Também eu vivi morrendo
E morri, vivendo em ti....
(Maria Célia Marques)
terça-feira, 12 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
Amalgama dolorosa
O azul do meu mar enegrece
A sombra do meu olhar acentua-se
De tristeza parida pelo tumulto do teu mar
Neste entardecer antecipado
A música da alma ecoa adocicando
O olhar marejado e carente de azul
Por lapsos de tempo intemporal
A alma navega sem quimeras
Ao sabor de rotinas pré existenciais
E o tempo não pára nem recua
Avança sempre implacável
Os sentires misturam-se
Numa amalgama dolorosa
De quereres impetuosos
Afagos, lágrimas, silêncios
Sussurros embargados
Pelo longínquo horizonte
Corpos cansados dispersos ameigados
Pela imensurabilidade universal
Persistente, sentida e presente … sempre
Este poema é sobre ti, beijinho azul!
(Liliana Jardim)
O azul do meu mar enegrece
A sombra do meu olhar acentua-se
De tristeza parida pelo tumulto do teu mar
Neste entardecer antecipado
A música da alma ecoa adocicando
O olhar marejado e carente de azul
Por lapsos de tempo intemporal
A alma navega sem quimeras
Ao sabor de rotinas pré existenciais
E o tempo não pára nem recua
Avança sempre implacável
Os sentires misturam-se
Numa amalgama dolorosa
De quereres impetuosos
Afagos, lágrimas, silêncios
Sussurros embargados
Pelo longínquo horizonte
Corpos cansados dispersos ameigados
Pela imensurabilidade universal
Persistente, sentida e presente … sempre
Este poema é sobre ti, beijinho azul!
(Liliana Jardim)
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Delírio de sombras
Sento-me,
a um canto esquecido da tua ausência,
e espero,
enquanto não amanhece,
a aparição do teu rosto antigo,
num alucinado jogo de espelhos.
Perco-me,
nesta imobilidade febril,
onde esqueço quem sou,
e busco, num rumor anónimo,
a sombra desse sorriso desvanecido,
que me enfeitiça o alento,
de cada vez que chegas
num sopro turvo de ilusão.
Sobre os meus ombros,
pousa a lâmpada fosca da madrugada,
num silêncio de casas vazias
que me dói por dentro,
enquanto o sol, acorrentado,
se debate numa inércia de sombras,
tentando, ainda, libertar-se
da cegueira que nos tolda.
Num crepúsculo de asas sonâmbulas,
persigo o esvoaçar estonteante
da tua sombra fugidia,
no beco sem saída
dos teus lábios embaciados,
como quem esfarela a réstia de pão
que as aves famintas irão devorar.
Um ladrar repetido de cães,
nas ruas desertas do meu sonho,
insiste em me recordar
que é já tarde,
para que regresses
de um horizonte de memórias desfeitas.
Quando a manhã, por fim,
bate no vidro da janela;
eu já adormeci,
e nem sequer sonhas que te esperei,
toda a noite,
nesta folha suja
de lágrimas e tinta esbatida.
(Runa)
Sento-me,
a um canto esquecido da tua ausência,
e espero,
enquanto não amanhece,
a aparição do teu rosto antigo,
num alucinado jogo de espelhos.
Perco-me,
nesta imobilidade febril,
onde esqueço quem sou,
e busco, num rumor anónimo,
a sombra desse sorriso desvanecido,
que me enfeitiça o alento,
de cada vez que chegas
num sopro turvo de ilusão.
Sobre os meus ombros,
pousa a lâmpada fosca da madrugada,
num silêncio de casas vazias
que me dói por dentro,
enquanto o sol, acorrentado,
se debate numa inércia de sombras,
tentando, ainda, libertar-se
da cegueira que nos tolda.
Num crepúsculo de asas sonâmbulas,
persigo o esvoaçar estonteante
da tua sombra fugidia,
no beco sem saída
dos teus lábios embaciados,
como quem esfarela a réstia de pão
que as aves famintas irão devorar.
Um ladrar repetido de cães,
nas ruas desertas do meu sonho,
insiste em me recordar
que é já tarde,
para que regresses
de um horizonte de memórias desfeitas.
Quando a manhã, por fim,
bate no vidro da janela;
eu já adormeci,
e nem sequer sonhas que te esperei,
toda a noite,
nesta folha suja
de lágrimas e tinta esbatida.
(Runa)
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Música Calada
Dizias que nos sobram as palavras:
e era o lugar perfeito para as coisas
esse escuro vazio no teu olhar.
E demorava a dura paciência,
fruto do frio nas nossas mãos vazias
que mais coisas não tinham para dar.
Dizia então a dor o nosso gesto
e durava nas coisas mais antigas
a solidão sem rasto que há no mar.
(Luís Filipe Castro Mendes)
Dizias que nos sobram as palavras:
e era o lugar perfeito para as coisas
esse escuro vazio no teu olhar.
E demorava a dura paciência,
fruto do frio nas nossas mãos vazias
que mais coisas não tinham para dar.
Dizia então a dor o nosso gesto
e durava nas coisas mais antigas
a solidão sem rasto que há no mar.
(Luís Filipe Castro Mendes)
domingo, 3 de abril de 2011
Barcos que saiam da barra
Quando sereníssima repousas
os lábios no baloiço das marés
desvendas silêncios
indícios de asas
respiras por todos os póros
um sopro de chamas
a dardejar no cais
Quando os céus tresmalham na ria
trazes castelos de vento
e outras paragens
afagas a paisagem
como se olhasses pela primeira vez
a correria dos marnotos
no espelho das marinhas valentes
Quando repousas os lábios
nesta folha de papel
ficas assim
a preto e branco
mais indecifrável que as velas dos moliceiros
a colher destinos
na palma das mãos
desejos antigos
de construir barcos
que saiam a barra
(Eufrázio Filipe)
Quando sereníssima repousas
os lábios no baloiço das marés
desvendas silêncios
indícios de asas
respiras por todos os póros
um sopro de chamas
a dardejar no cais
Quando os céus tresmalham na ria
trazes castelos de vento
e outras paragens
afagas a paisagem
como se olhasses pela primeira vez
a correria dos marnotos
no espelho das marinhas valentes
Quando repousas os lábios
nesta folha de papel
ficas assim
a preto e branco
mais indecifrável que as velas dos moliceiros
a colher destinos
na palma das mãos
desejos antigos
de construir barcos
que saiam a barra
(Eufrázio Filipe)
Subscrever:
Mensagens (Atom)