Fazes-me falta
À beira de mim,
reduto do que sou
anelo de existência,
ajoelho-me no mar
e nele entrego o meu pretérito,
dor assilábica
de todas as rezas de invernia.
Espero-te,
como quem espera o regresso dos deuses
no resgate das conchas
E sei,
porque simplesmente sei,
que é cíclica a melodia
das ondas,
enquanto aguardo no cais
o silêncio manso
da tua chegada.
Mesmo que errante no ocaso
será a surpresa da tua voz
que dançará na minha pele,
como um hino perfumado
tremulando na alma
até à colheita,
do doce manto de tulipas brancas
que há muito crescem,
serenas,
à tona d'água,
crendo no beijo colorido
dos teus olhos.
Só elas sabem
o quanto me fazes falta.
(Maria João de Carvalho Martins, in "Do outro lado do espelho")
Um poema de oração e contemplação de excelente gosto. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarAssim, como uma surpresa, um ramo de flores a brilharem de sol ou um hino perfumado...
ResponderEliminarVê-lo aqui publicado, neste espaço de escolhas e partilha é, para mim, uma enorme honra!!
Obrigada, Odete
simplesmente obrigada!!