Singular modo de amar
No contorno fino dos teus lábios
adivinho-te em palavras
protegidas de outros verbos
nuas, frias, lassas
à espera que das minhas, nasçam
os milagres que te confortam.
Mas ouves leves cicios apenas,
da alma que um dia cantou ao vento
em fogo lento
e hoje é gélida ave sem asas
sem penas
presa à inevitabilidade do tempo.
Recuo pois, nas premissas
nas certezas que me lastimam
e concluem o que não posso dar-te.
Beijo-te apenas...
Sigilando no abismo do silêncio
este meu singular modo de amar-te.
(Maria João de Carvalho Martins, in "Do outro lado do espelho")
Não existem amores perfeitos
ResponderEliminarse não forem sonhados