Dentro do poema
sento-me aqui
à sombra desta miragem
a acariciar as letras do teu nome
a revolver as palavras
que a insónia me sussurra
enquanto a tua imagem desliza
abrindo vagarosos trilhos
por entre o marulhar das águas
na dormência da memória
é apenas um solitário jogo
que a imaginação tece
um segredo de tinta coada
a expurgar da brancura da folha
a inércia da tua ausência
a rasurada esperança
de que um simples verso te anuncie
ou traga de novo
a luz que o verão esgotou
gestos que vou ensaiando
com o aparo persistente da lapiseira
até sucumbir à febre do desejo
e sílaba a sílaba
reconstruir o néctar do teu rosto
até que o papel se incendeie
aveludado e liso
como um espelho iluminado
e só o reflexo do amor caiba
dentro do poema
(Runa, ...seguindo o escoar do tempo)
Onde as palavras dos outros se reunem às nossas num espaço de silêncio e reflexão
sexta-feira, 31 de maio de 2013
segunda-feira, 27 de maio de 2013
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Eternamente a respirar
Nem todos os jacarandás
rebentaram em Maio
mas tu cumpriste
o ritmo das estações
contra o tempo que faz
vestiste-te de púrpura
com cheiro a hortelã
sentaste-te no meu silêncio preferido
dedos esguios em flor
a crescerem nas teclas do piano
Nem todos os jacarandás
rebentaram em Maio
porque não existem horas para amar
porque é possível pintar
uma flor com a boca
na tua boca
e ficar assim
eternamente a respirar
"Eufrázio Filipe"
Nem todos os jacarandás
rebentaram em Maio
mas tu cumpriste
o ritmo das estações
contra o tempo que faz
vestiste-te de púrpura
com cheiro a hortelã
sentaste-te no meu silêncio preferido
dedos esguios em flor
a crescerem nas teclas do piano
Nem todos os jacarandás
rebentaram em Maio
porque não existem horas para amar
porque é possível pintar
uma flor com a boca
na tua boca
e ficar assim
eternamente a respirar
"Eufrázio Filipe"
segunda-feira, 20 de maio de 2013
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Mar
Na melancolia de teus olhos
Eu sinto a noite se inclinar
E ouço as cantigas antigas
Do mar.
Nos frios espaços de teus braços
Eu me perco em carícias de água
E durmo escutando em vão
o silêncio.
E anseio em teu misterioso seio
Na atonia das ondas redondas
Náufrago entregue ao fluxo forte
Da morte.
(Vinícius de Moraes)
Na melancolia de teus olhos
Eu sinto a noite se inclinar
E ouço as cantigas antigas
Do mar.
Nos frios espaços de teus braços
Eu me perco em carícias de água
E durmo escutando em vão
o silêncio.
E anseio em teu misterioso seio
Na atonia das ondas redondas
Náufrago entregue ao fluxo forte
Da morte.
(Vinícius de Moraes)
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Não choro...
A dor não me pertence.
Vive fora de mim, na natureza,
livre como a electricidade.
Carrega os ceus de sombra,
entra nas plantas,
desfaz as flores...
Corre nas veias do ar,
atrai os abismos,
curva os pinheiros...
E em certos momentos de penumbra
iguala-me à paisagem,
Surge nos meus olhos
presa a um passaro a morrer
no céu indiferente.
Mas não choro. Não vale a pena!
A dor não é humana.
José Gomes Ferreira
A dor não me pertence.
Vive fora de mim, na natureza,
livre como a electricidade.
Carrega os ceus de sombra,
entra nas plantas,
desfaz as flores...
Corre nas veias do ar,
atrai os abismos,
curva os pinheiros...
E em certos momentos de penumbra
iguala-me à paisagem,
Surge nos meus olhos
presa a um passaro a morrer
no céu indiferente.
Mas não choro. Não vale a pena!
A dor não é humana.
José Gomes Ferreira
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