Onde as palavras dos outros se reunem às nossas num espaço de silêncio e reflexão
quarta-feira, 31 de julho de 2013
segunda-feira, 29 de julho de 2013
quarta-feira, 17 de julho de 2013
DEIXA-TE FICAR
Deixa-te ficar. Encosta o cansaço
ao vermelho da rosa
esquecida ela também de ser botão.
Pensa na história mil vezes contada
e acrescentada e sempre a mesma
e já outra, a história.
Podes até não falar.
Passeia os olhos nas capas dos livros,
para cá, para lá, numa procura
sem tempo de achamento.
Os relógios não dizem tic-tac,
mas tu vais ouvi-lo e leve, muito leve,
a tua mão na mesa num batuque do longe,
das terras quentes que te não viveram.
Fica mais um pouco.
No vermelho da rosa aflora o negro.
No teu rosto um sorriso de lua,
a memória da prata.
Espera o piar dos mochos,
o coaxar das rãs, o cio triunfal
da vida sobre a morte.
Agora vai. A história espera
que a inventes, a contes, a acrescentes.
Que nunca o dia chegue de a saberes.
Licínia Quitério - O Sítio do Poema
ao vermelho da rosa
esquecida ela também de ser botão.
Pensa na história mil vezes contada
e acrescentada e sempre a mesma
e já outra, a história.
Podes até não falar.
Passeia os olhos nas capas dos livros,
para cá, para lá, numa procura
sem tempo de achamento.
Os relógios não dizem tic-tac,
mas tu vais ouvi-lo e leve, muito leve,
a tua mão na mesa num batuque do longe,
das terras quentes que te não viveram.
Fica mais um pouco.
No vermelho da rosa aflora o negro.
No teu rosto um sorriso de lua,
a memória da prata.
Espera o piar dos mochos,
o coaxar das rãs, o cio triunfal
da vida sobre a morte.
Agora vai. A história espera
que a inventes, a contes, a acrescentes.
Que nunca o dia chegue de a saberes.
Licínia Quitério - O Sítio do Poema
terça-feira, 16 de julho de 2013
SEMPRE
sempre que uma praia se levanta
és sempre tu que me tocas
e sempre tu quem aceita o sorriso
é sempre o sol embrulhado em terra pura
e sempre pura a voz que a terra canta
porque se ouvires a água na pedra
a água que sempre nos meus lábios sabe a ti
se ouvires a água na pedra tens a lua
a manhã o cereal de espuma que não pára de crescer
nos lábios teus que a água dos meus conhece
como o sol procura o dia e sempre acha a noite
e é na noite que sempre te digo
que sempre te juro as mãos enormes
e levanto a praia que tu levantas
quando sempre acordamos
e na nossa nudez se esconde a noite
em que lábios nos lábios criámos o mar
Vasco Gato, in "Um Mover de Mão"
és sempre tu que me tocas
e sempre tu quem aceita o sorriso
é sempre o sol embrulhado em terra pura
e sempre pura a voz que a terra canta
porque se ouvires a água na pedra
a água que sempre nos meus lábios sabe a ti
se ouvires a água na pedra tens a lua
a manhã o cereal de espuma que não pára de crescer
nos lábios teus que a água dos meus conhece
como o sol procura o dia e sempre acha a noite
e é na noite que sempre te digo
que sempre te juro as mãos enormes
e levanto a praia que tu levantas
quando sempre acordamos
e na nossa nudez se esconde a noite
em que lábios nos lábios criámos o mar
Vasco Gato, in "Um Mover de Mão"
terça-feira, 2 de julho de 2013
Diz-me...
Diz-me…
Porquê tanta dor
E tanta sombra,
Contidas numa só lágrima…
Diz-me….
Porque se rasgam os céus de sangue,
Se castigam inocentes,
Porque se vive para matar,
Se mata em nome de Deus
E se morre por amor?
Diz-me…
Por tinhas de partir mal vieste para mim
Porque deixaste nosso amor
Espalhado pelo chão
Em mil pedaços de dor?
Diz-me…
Porque tenho de sofrer,
Se o horizonte é sempre azul
E se o sol transforma no céu
Todo o cinzento em cor?
Diz-me…
Que nada disto é verdade…
Diz-me….
Que não tens de voltar p’ra mim
Porque estarás sempre a meu lado….
Diz-me…..!
Maria Célia Silva
Porquê tanta dor
E tanta sombra,
Contidas numa só lágrima…
Diz-me….
Porque se rasgam os céus de sangue,
Se castigam inocentes,
Porque se vive para matar,
Se mata em nome de Deus
E se morre por amor?
Diz-me…
Por tinhas de partir mal vieste para mim
Porque deixaste nosso amor
Espalhado pelo chão
Em mil pedaços de dor?
Diz-me…
Porque tenho de sofrer,
Se o horizonte é sempre azul
E se o sol transforma no céu
Todo o cinzento em cor?
Diz-me…
Que nada disto é verdade…
Diz-me….
Que não tens de voltar p’ra mim
Porque estarás sempre a meu lado….
Diz-me…..!
Maria Célia Silva
segunda-feira, 1 de julho de 2013
O Búzio de Cós
Este búzio não o encontrei eu própria numa praia
Mas na mediterrânica noite azul e preta
Comprei-o em Cós numa venda junto ao cais
Rente aos mastros baloiçantes dos navios
E comigo trouxe ressoar dos temporais
Porém nele não oiço
Nem o marulho de Cós nem o de Egina
Mas sim o cântico da longa vasta praia
Atlântica e sagrada
Onde para sempre a minha alma foi criada
Sophia de Mello Breyner, O Búzio de Cós
Subscrever:
Mensagens (Atom)