Gosto das tardes assim, serenas,
das madressilvas tão delicadas,
pequenas, e de toda forma de amor.
Gosto dos sorrisos que brotam
de momentos tão simples,
olhares ingenuos, ao
mesmo tempo cúmplices
Gosto das cruas verdades.
Das mais duras e doloridas,
manhãs, promessas de vida
e da suportável solidão.
Das idas e vindas, mesmo
que passageiras, retratos pequenos,
amenos, perenes, verdadeiros.
De todas as pequenas coisas
que me lembram você!
A C Rangel, in Alma Tua
Onde as palavras dos outros se reunem às nossas num espaço de silêncio e reflexão
sábado, 21 de setembro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
A tua brisa
De olhar vago e triste
procuro o teu olhar
tão perdido quanto o meu
Solitário me cobro de véus
sentado no banco ainda morno
que um dia foi teu
Procurando recordações
e desencantos na brisa
que beija e me afaga o rosto
António Gallobar - Ensaios poéticos
procuro o teu olhar
tão perdido quanto o meu
Solitário me cobro de véus
sentado no banco ainda morno
que um dia foi teu
Procurando recordações
e desencantos na brisa
que beija e me afaga o rosto
António Gallobar - Ensaios poéticos
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Sou como se fosse...
Iniciei um conto como se fosse o prólogo,
Vesti traje de gala como se fosse um pajem,
Provei do vinho bom como se fosse enólogo,
Tratei do exterior como se fosse imagem.
Cantei a serenata como se fosse amante,
segui a lei da vida como se fosse tudo,
Passei por um deserto como se fosse errante,
joguei aos carnavais como se fosse entrudo.
Desfiz nós apertados como se fosse esperto,
Calei histórias tristes como se fosse púdico,
Contei a nossa vida como se fosse aberto,
Gozei as coisas simples como se fosse lúdico.
Fiz contas de somar como se fosse pouco,
Comi o pão do dia como se fosse pobre,
Amei perdidamente como se fosse louco,
Lutei por boas causas como se fosse nobre.
Pintei-me de palhaço como se fosse alegre,
Forrei-me de veludo como se fosse gente,
Fugi da multidão como se fosse lebre,
Beijei os pequeninos como se fosse quente.
Impus-me um ar altivo como se fosse o Rei,
Desfiz-me em pedacinhos como se fosse um caco,
Impus minha balança como se fosse a lei,
Perdi-me no caminho como se fosse um saco.
E agora
aos sessenta e tal?
Afinal
o que fui?
O que sou?
Para onde vou?
Não sei o que fui.
Não sei onde vou.
Mas sei o que sou.
Um pouco de ti,
Um pouco de mim,
Um pouco do outro
que por mim passou.
(Manuel Paulo, in Ponto Final)
Vesti traje de gala como se fosse um pajem,
Provei do vinho bom como se fosse enólogo,
Tratei do exterior como se fosse imagem.
Cantei a serenata como se fosse amante,
segui a lei da vida como se fosse tudo,
Passei por um deserto como se fosse errante,
joguei aos carnavais como se fosse entrudo.
Desfiz nós apertados como se fosse esperto,
Calei histórias tristes como se fosse púdico,
Contei a nossa vida como se fosse aberto,
Gozei as coisas simples como se fosse lúdico.
Fiz contas de somar como se fosse pouco,
Comi o pão do dia como se fosse pobre,
Amei perdidamente como se fosse louco,
Lutei por boas causas como se fosse nobre.
Pintei-me de palhaço como se fosse alegre,
Forrei-me de veludo como se fosse gente,
Fugi da multidão como se fosse lebre,
Beijei os pequeninos como se fosse quente.
Impus-me um ar altivo como se fosse o Rei,
Desfiz-me em pedacinhos como se fosse um caco,
Impus minha balança como se fosse a lei,
Perdi-me no caminho como se fosse um saco.
E agora
aos sessenta e tal?
Afinal
o que fui?
O que sou?
Para onde vou?
Não sei o que fui.
Não sei onde vou.
Mas sei o que sou.
Um pouco de ti,
Um pouco de mim,
Um pouco do outro
que por mim passou.
(Manuel Paulo, in Ponto Final)
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