Onde as palavras dos outros se reunem às nossas num espaço de silêncio e reflexão
domingo, 27 de dezembro de 2009
pescando na noite
na noite, do meu terraço
contemplando o espelho negro do mar imenso
eram cinquenta trémulas luzinhas
contei-as uma a uma de um só fôlego
uma luzinha um barco
um barco uns quantos homens
centenas de homens cercados pelo oceano
lançam intrépidos as suas redes
na esperança de alcançar a morte da fome
eu, afinal que sei eu
aprendiz de pescador de sonhos
lanço as minhas redes
na esperança de alcançar a morte da ignorância
(António Paiva)
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Pai Natal
Gorducho como és,
Com esse ventre obeso,
Como podes passar nas chaminés
Sem ficar preso?!
E como podes inda, sem perigo,
Com essas botas grossas, quando avanças,
Não perturbar o sono das crianças
Que adormeceram a sonhar contigo?!
Como podes passar,
Com essas barbas longas e nevadas,
Sem medo de assustar
Crianças que se encontram acordadas?!
Eu sei!
Eu digo-te a razão,
Embora se me parta o coração!
É que tu, risonho Pai-Natal,
Só entras em palácios de cristal,
Por chaminés de mármore e jade
Onde o rotundo ventre
Passe, deslize e entre,
Libérrimo, em perfeito à vontade!
Como podem as botas vigorosas
Rangerem um momento,
Se alcatifas caras, preciosas,
Se espreguiçam por todo o pavimento!
Nem podes assustar
Crianças que se encontram acordadas,
Porque tens o cuidado de tirar
Essas revoltas barbas já nevadas!
E, assim, é,
Risonho Pai-Natal de riso e gestos ledos,
Vais aos palácios ricos, por teu pé,
Vazar o grande saco de brinquedos!
Antes fosses, risonho Pai-Natal,
Na noite friorenta,
De portal em portal,
De tormenta em tormenta!
E descesses aos lares pobrezinhos
Onde há doridas mães talvez chorando,
Ao seio acalentando
Os pálidos filhinhos!
Ou fosses campo em fora, em longas caminhadas,
A descobrir crianças sem abrigo,
Adormecidas, nuas, regeladas,
E ainda a sonhar contigo!
Mas não são esses, não, os teus caminhos,
Tu que vestes veludos e arminhos!
Quando Jesus nasceu,
No rigoroso frio do Inverno,
Nu e natural,
Sem outra benção que o olhar materno,
Sem mais calor que um bafo irracional.
Onde é que estavas tu, oh! Pai-Natal?!
Por onde andavas tu, oh! Pai-Natal?!
Sei bem onde é que estavas!
Sei bem por onde andavas!
Andavas, entre risos e folguedos,
Já com as barbas brancas e os bigodes,
A despejar saco de brinquedos,
-Na chaminé de Herodes!
(Angelino da Silva Jardim)
Gorducho como és,
Com esse ventre obeso,
Como podes passar nas chaminés
Sem ficar preso?!
E como podes inda, sem perigo,
Com essas botas grossas, quando avanças,
Não perturbar o sono das crianças
Que adormeceram a sonhar contigo?!
Como podes passar,
Com essas barbas longas e nevadas,
Sem medo de assustar
Crianças que se encontram acordadas?!
Eu sei!
Eu digo-te a razão,
Embora se me parta o coração!
É que tu, risonho Pai-Natal,
Só entras em palácios de cristal,
Por chaminés de mármore e jade
Onde o rotundo ventre
Passe, deslize e entre,
Libérrimo, em perfeito à vontade!
Como podem as botas vigorosas
Rangerem um momento,
Se alcatifas caras, preciosas,
Se espreguiçam por todo o pavimento!
Nem podes assustar
Crianças que se encontram acordadas,
Porque tens o cuidado de tirar
Essas revoltas barbas já nevadas!
E, assim, é,
Risonho Pai-Natal de riso e gestos ledos,
Vais aos palácios ricos, por teu pé,
Vazar o grande saco de brinquedos!
Antes fosses, risonho Pai-Natal,
Na noite friorenta,
De portal em portal,
De tormenta em tormenta!
E descesses aos lares pobrezinhos
Onde há doridas mães talvez chorando,
Ao seio acalentando
Os pálidos filhinhos!
Ou fosses campo em fora, em longas caminhadas,
A descobrir crianças sem abrigo,
Adormecidas, nuas, regeladas,
E ainda a sonhar contigo!
Mas não são esses, não, os teus caminhos,
Tu que vestes veludos e arminhos!
Quando Jesus nasceu,
No rigoroso frio do Inverno,
Nu e natural,
Sem outra benção que o olhar materno,
Sem mais calor que um bafo irracional.
Onde é que estavas tu, oh! Pai-Natal?!
Por onde andavas tu, oh! Pai-Natal?!
Sei bem onde é que estavas!
Sei bem por onde andavas!
Andavas, entre risos e folguedos,
Já com as barbas brancas e os bigodes,
A despejar saco de brinquedos,
-Na chaminé de Herodes!
Angelino da Silva Jardim
Com esse ventre obeso,
Como podes passar nas chaminés
Sem ficar preso?!
E como podes inda, sem perigo,
Com essas botas grossas, quando avanças,
Não perturbar o sono das crianças
Que adormeceram a sonhar contigo?!
Como podes passar,
Com essas barbas longas e nevadas,
Sem medo de assustar
Crianças que se encontram acordadas?!
Eu sei!
Eu digo-te a razão,
Embora se me parta o coração!
É que tu, risonho Pai-Natal,
Só entras em palácios de cristal,
Por chaminés de mármore e jade
Onde o rotundo ventre
Passe, deslize e entre,
Libérrimo, em perfeito à vontade!
Como podem as botas vigorosas
Rangerem um momento,
Se alcatifas caras, preciosas,
Se espreguiçam por todo o pavimento!
Nem podes assustar
Crianças que se encontram acordadas,
Porque tens o cuidado de tirar
Essas revoltas barbas já nevadas!
E, assim, é,
Risonho Pai-Natal de riso e gestos ledos,
Vais aos palácios ricos, por teu pé,
Vazar o grande saco de brinquedos!
Antes fosses, risonho Pai-Natal,
Na noite friorenta,
De portal em portal,
De tormenta em tormenta!
E descesses aos lares pobrezinhos
Onde há doridas mães talvez chorando,
Ao seio acalentando
Os pálidos filhinhos!
Ou fosses campo em fora, em longas caminhadas,
A descobrir crianças sem abrigo,
Adormecidas, nuas, regeladas,
E ainda a sonhar contigo!
Mas não são esses, não, os teus caminhos,
Tu que vestes veludos e arminhos!
Quando Jesus nasceu,
No rigoroso frio do Inverno,
Nu e natural,
Sem outra benção que o olhar materno,
Sem mais calor que um bafo irracional.
Onde é que estavas tu, oh! Pai-Natal?!
Por onde andavas tu, oh! Pai-Natal?!
Sei bem onde é que estavas!
Sei bem por onde andavas!
Andavas, entre risos e folguedos,
Já com as barbas brancas e os bigodes,
A despejar saco de brinquedos,
-Na chaminé de Herodes!
Angelino da Silva Jardim
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Calo
Calo um novo amanhecer.
Calo as palavras
surdas
aos olhos de quem as lê.
Calo os sentimentos,
as lágrimas ruidosas
que escorrem
por uma face cansada.
Calo um olhar de esperança,
um coração parado,
um corpo abatido.
Calo as frases
ditas com loucuras,
com paixão.
Calo as madrugadas
por si já silenciosas...
Calo as marés
dos meus pensamentos...
Calo o desejo,
calo o querer,
calo tudo
para poder ouvir o que queria.
Calo a vida... calo a poesia...
(Vanda Paz, in Brisas do Mar)
Calo um novo amanhecer.
Calo as palavras
surdas
aos olhos de quem as lê.
Calo os sentimentos,
as lágrimas ruidosas
que escorrem
por uma face cansada.
Calo um olhar de esperança,
um coração parado,
um corpo abatido.
Calo as frases
ditas com loucuras,
com paixão.
Calo as madrugadas
por si já silenciosas...
Calo as marés
dos meus pensamentos...
Calo o desejo,
calo o querer,
calo tudo
para poder ouvir o que queria.
Calo a vida... calo a poesia...
(Vanda Paz, in Brisas do Mar)
sábado, 19 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
H2O
és simbolo químico
que brota da terra
água freca tatuada na rocha
dás vida à vida
discreta quando habitas nas nuvens,
no horizonte és energia
e fonte do ser.
ouves-me nos desejos
da palavra que não é escrita
circulas no meu sangue e vibras,
deixas que te sinta no coração.
imóvel, olho-te
mostras-te rainha no mar,
princesa encantada no rio
que aquece a alma, nos lagos
da tua voz escorrem
hesitantes ternas sombras
olho a tua tonalidade
sinto o desperdício da humanidade
hoje és lágrima
no meu rosto...
(Helena Maltez)
és simbolo químico
que brota da terra
água freca tatuada na rocha
dás vida à vida
discreta quando habitas nas nuvens,
no horizonte és energia
e fonte do ser.
ouves-me nos desejos
da palavra que não é escrita
circulas no meu sangue e vibras,
deixas que te sinta no coração.
imóvel, olho-te
mostras-te rainha no mar,
princesa encantada no rio
que aquece a alma, nos lagos
da tua voz escorrem
hesitantes ternas sombras
olho a tua tonalidade
sinto o desperdício da humanidade
hoje és lágrima
no meu rosto...
(Helena Maltez)
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