segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009


Noite

No profundo da noite mil ruídos
agridem o silêncio que resiste
num choro gárrulo num riso triste
voltam loucos os sonhos esquecidos.

Fere o negrume a luz que nos assiste
num velório de rostos contraídos.

O morto somos nós, já dissolvidos
numa existência outra onde o que existe

são as sagas dos santos feitos gnomos
metamorfoseados de repente
por alquimia atroz no pó que somos.

E no fluir das horas lentamente
desfilam séculos e nós supomos
a noite a desdobrar-se eternamente.

(Fernando Marcelino)

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