sábado, 5 de setembro de 2009


IDÍLIO

Quando nós vamos ambos de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas.

Ou, vendo o mar, das ermas cumeadas,
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas,
Ao longe, no horizonte, amontoadas.

Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua:
Sinto tremer-te a mão, e empalideces

O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das coisas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.

(Antero de Quental)

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