A Vigília do Pescador
(Esta poesia dedico-a a meu pai, pescador de profissão, a quem devo tudo o que sou... )
Na praia o vulto do pescador
É mais denso que a noite...
E enquanto espera
A sua ânsia solidifica em concha
E sonoriza os ventos livres do mar
E enquanto espera
A sua ânsia descobre
os passos da maré na praia
e o sono de borco das canoas.
É manhã
e o pescador ainda espera
e enquanto o mar
Não lhe devolve o seu corpo de sonhos
Num lençol branco de escamas
Um torpor de baixa-mar
Denuncia algas nos seus ombros.
(Arnaldo Santos, in Poemas no Tempo)
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