quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mulheres à beira-mar

Confundido os seus cabelos com os cabelos
do vento, têm o corpo feliz de ser tão seu e
tão denso em plena liberdade.

Lançam os braços pela praia fora e a brancura
dos seus pulsos penetra nas espumas.

Passam as aves de asas agudas e a curva dos seus
olhos prolonga o interminávrl rastro no céu
branco.

Com a boca colada ao horizonte aspiram longamente
a virgindade de um mundo que nasceu.

O extremo dos seus dedos toca o cimo de
delícia e vertigem onde o ar acaba e começa.

E aos seus ombros cola-se uma alga, feliz de
ser tão verde.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

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