Libertação
Devolvo à terra
O saber sedento da água cristalina
A fecunda criação verdejante
A fresca brisa envolta em neblina
Devolvo à vida
A utopia presa em voo alado
O lamento feito choro suplicante
O presente inteiro gasto em passado
Devolvo-te meu amor
O soneto febril, verso imperfeito
A carícia colada à pele, viajante
O desejo que esculpiste no meu leito
Devolvo-te
Ao prazer de mergulhar em seiva minha
À recusa de saber-me degradante
À triste sorte de me sentir sozinha
Depois...
Lanço a alma ao mar e me liberto
Num acto insano, demente
De querer sorver-te mundo, tão impuro
Renascendo na maré, sentindo gente.
(Maria João de Carvalho Martins, in "Do outro lado do espelho")
O amor é assim
ResponderEliminarnos dois lados do mesmo espelho