No dealbar dos dias
quando os botões
das flores púrpuras e amarelas
vacilam,
e se fecham à claridade intensa
da lua;
e o sol por momentos
se pinta da cor
que nunca nos atrevemos
a dizer;
nas vésperas
da surdez recolhida,
e dos dedos negros
sujos das tintas dos missais
e das histórias amordaçadas
amedrontadas:
- é nesse preciso tempo
que me deixo ficar
sentado a um canto,
imperceptível,
da minha janela alta
recolhida,
e rio das lágrimas
que se soltam
deste olhar que chora
por não te ver.
(Jorge Bicho, in "por dentro das palavras")
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